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domingo, 18 de outubro de 2009

DO CANTO DOS PÁSSAROS, AO RUÍDO DOS MOTORES

A cidade é o espaço
hoje pelos jovens desejado
como um espaço de construção do seu futuro,
do seu bom emprego e de uma vida digna.
Mas na maioria dos casos acontece
o que às vezes não são capazes de imaginar,
o que os levam a pensar ser uma traição do destino.

A vida se transforma em um enfado,
correria para todos os lados
a canseira e a luta,
pelo emprego, pela vida,
onde o repartir não se faz presente,
e cada um por si buscando a sobrevivência
sem compadecer o seu companheiro,
pela necessidade do dinheiro
ainda que isto não seria
sua forma de querer ser.

Imaginamos a delícia que já foi este espaço
ao pensar nas matas virgens,
os riozinhos que entre elas se escondiam
com as suas águas cristalinas,
os inúmeros cantos dos mais diversos passarinhos
além dos animais que tiveram que se retirar
para dar lugar a esta população
que no corre-corre e das pressas
como quem não sabe onde ir,
se esbarram uns nos outros
a disputa das calçadas para caminhar,
dos telefones públicos para telefonar,
e das portas das lojas para entrar.

Ao pensar naquele silêncio
onde calmamente a voz do riozinho podia escutar
ou ver os despreocupados peixinhos
sobre a areia deslizar,
hoje o movimento nas calçadas,
as vozes das pessoas enfadadas,
os sons dos alto-falantes
seus preços e suas promoções anunciando,
e ao ruído dos motores dos carros que aceleram
que muitas vezes tomam todo o espaço
das largas avenidas
como se fosse ali
um enorme tapete estendido.

Do sossego e dos cantos dos pássaros
pode se presenciar
a canseira, a pele queimada do sol escaldante
sobre os asfaltos das ruas,
olhos avermelhados da fumaça
dos combustíveis que são queimados
nos motores dos veículos
dos milhares que nas ruas transitam.
Até parece ser desocupados que estão a vagar,
em busca não sei do que.
Todo dia a mesma coisa;
mas pode ser pessoas diferentes
que a busca de algo estão,
outros a caminhos de hospitais
ou até mesmo do emprego sonhado,
outros nas compras em lojas e supermercados
que em busca do lucro vão negociar.

E as virgens matas, o riozinho, o canto dos passarinhos!
Muitos dos que ali transitam talvez nem imagine,
mas este espaço já foi por eles ocupado
e para dar lugar as lindas casas
tudo tiveram que deixar.
Substituindo as lindas árvores,
aos pássaros e animais
as pessoas, cimento e o asfalto
a linda vegetação
o riozinho e o fresquinho chão,
por uma vida de enfado.

Natalino de Souza Breves